quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

PIAGET E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA DE ZERO A DOIS ANOS


PIAGET E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA DE ZERO A DOIS ANOS


O epistemólogo suíço, Jean Piaget (2007) nos traz o conceito de Epistemologia Genética, onde o ponto central é a estrutura cognitiva do sujeito. E estas estruturas mudam conforme os processos de adaptação: assimilação e acomodação. Onde a assimilação seria a interpretação de eventos, enquanto que a acomodação se refere a mudança de estrutura para compreender o meio.

Piaget nomeou cinco estágios do desenvolvimento da inteligência, O período sensório motor que acontece do nascimento até os dois anos e que estudaremos neste momento. O estagio pré-operatório que surge entre os dois e sete anos. O estagio operatório completo, entre os sete e onze anos e o estagio da inteligência formal, a partir dos 11 anos e com o patamar de equilíbrio por volta dos 14 anos.

 

Conceitos de Piaget – período sensório motor


            O período sensório-motor acontece entre o nascimento até os dois anos de vida. Seria como a passagem do caos ao cosmo, pois a criança cresce em um ambiente que percebe como caótico e conforme amadurece, passa a conquistar esse mundo por meio dos movimentos e percepções. Conforme ela aperfeiçoa as habilidades, interage mais com os objetos, tempo, espaço e causalidade.

A criança evolui, desde os primeiros meses de vida, quando possui apenas um prolongamento do reflexo, até adquirir solidez e consistência própria. Aos poucos o bebe irá aprendendo os aspectos diferentes dos objetos e como distingui-los e classifica-los.

            O adualismo esta presente nesta fase, significa que o bebê não se distingue do resto do mundo.  As atividades são de natureza pratica.

           O patamar intelectual desta fase acontece quando a criança atinge objetos afastados ou escondidos.

            Nesta fase, a criança elabora o conjunto de subestruturas cognitivas para as suas construções perceptivas e intelectuais. A criança busca resultados para um conjunto de problemas da ação sem que intervenha a representação ou o pensamento. É composta por 6 estádios:

            Estádio I: (0-1 mês) Os recém-nascidos realizam a consolidação por exercício funcional que prolonga numa assimilação generalizadora e numa assimilação recognitiva. Relaciona-se com o mundo através dos sentidos e da ação. Os reflexos inatos proporcionam-lhe um repertório de condutas suficiente para sobreviver. A conduta reflexiva é desencadeada quando ocorre uma determinada estimulação. A experiência derivada do exercício do reflexo permite ao recém-nascido adaptar-se a novas condições de estímulo repetindo o mesmo esquema de ação.

A Assimilação apresenta 3 aspectos:

Repetição: assimilação funcional ou reprodutora, que assimila o objeto à função.

Generalização: assimilação extensiva a objetos novos e variados. Reconhecimento: a duração, intensidade ou os componentes do esquema motor reflexo diversificam-se em função das características do estímulo; por isso dizemos que o individuo reconhece o objeto.

            Estádio II (1-4 meses): Constitui os hábitos, que dependem de uma atividade do sujeito ou impostos pelo exterior. Começam a surgir as primeiras coordenações motoras como pressão-sucção, visão-audição. O assimilador antecedente á assimilação.

            Estádio III (4-8 meses): Há coordenação entre a visão e a preensão. A reação circular secundária envolve objetos externos. Neste estágio a criança já interage com o meio, os novos esquemas são mais ricos e variados e possibilitam uma atividade mais liberada. A assimilação generalizadora com os objetos é muito ativa. A criança é capaz de encontrar objetos escondidos. Aparece o reconhecimento motor, ela associa um objeto ao movimento. A atenção e o interesse da criança deslocam-se até o resultado das suas ações.

O efeito produzido pela reação secundária acontece com repetições casuais e também acontece casualmente. A criança imita somente a conduta visível em seu próprio corpo.

            Estádio IV (8 – 12 meses): Atos mais complexos de inteligência pratica. Tem uma finalidade previa, independente dos meios. Possui uma organização de ações e que são sucessíveis de repetição em situações semelhantes. Aparecimento da intencionalidade, acentua-se a atenção que ocorre no meio, aparecimento das primeiras coordenações do tipo meios fins, as reações secundárias coordenam-se em função de uma meta não imediata e meios adequados para a consecução do objetivo proposto.

Os esquemas ainda não possuem a mobilidade necessária, a conduta se repete tipicamente como foi aprendida. Coordenação dos esquemas de representação facilitando a compreensão de objetos e fatos. Esquemas de conhecimento têm progressos, como os relativos à captação do espaço. Observação e provocação de deslocamentos de objetos.

            Estádio V (12-18 meses): Começa a procura de meios novos por diferenciação dos esquemas conhecidos. É o descobrimento de novas relações instrumentais como resultado de um processo de experimentação ajustada à novidade da situação. A criança começa a usar meios novos para atingir seus objetivos e realiza verdadeiros atos de inteligência e de solução de problemas.

Estádio VI (18-24 meses): Torna-se capaz de encontrar meios novos por combinações interiorizadas, nascimento das próprias hipóteses. Caracteriza-se pelo aparecimento da representação e, então, os problemas podem começar a ser resolvidos no plano simbólico e não mais puramente prático. Esquemas de ações suscetíveis de ser realizadas com ou sobre os objetos que compartilham alguma propriedade assim, os esquemas assimilam os objetos. Os esquemas de ação proporcionam o primeiro conhecimento sensório-motor dos objetos como são sob o ponto de vista perceptivo; e o que pode ser feito com eles no plano motor. Através da ação dos esquemas, a criança vai elaborando o seu conhecimento dos próprios objetos e das relações espaciais e causais que colocam em contato certos objetos e acontecimentos com outros.

            Inicialmente o bebe esta inteiramente centrado no seu próprio corpo e ação. A medida em que a inteligência sensório-motora começa a ser desenvolvida, surge a construção de objetos permanentes e a causalidade.

            A afetividade nesta fase surge de um estado de não diferenciação entre o eu e todos os elementos físicos e humanos que o cercam para construir trocas entre o eu e as pessoas.

            Alguns sinais da inteligência sensório-motora seriam:

1.    Reações circulares primarias: reflexos e hábitos nos primeiros dias do bebe. Dos três aos seis meses, transição de um habito simples para uma ação inteligente.

2.    Reações circulares secundarias: hábitos simples com intenção de um resultado. Chegando a assimilação pela ação da criança. Isso ocorre por volta dos oito aos dez meses.

3.    Reações circulares terciarias:  acontece entre os dez meses e os dois anos, a ação é com intenção e repete esse comportamento de forma diferente sempre que quiser novo objetivo.

Nesta fase também surge o artificialismo, pois a criança considera que o que acontece ao seu redor é provocado por alguém. No finalismo, o fenômenos que acontecem tem uma finalidade determinada. As coisas que fazem parte do seu mundo tem vida própria, assim como ela, que seria o animismo. E o realismo infantil que seria a percepção particular e subjetiva que a criança tem do meio.

Piaget chamou de revolução intelectual o desenvolvimento da criança neste período, em função da presença de objeto, espaço, causalidade e tempo.

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